Publicado em: 23 de agosto de 2023
Artistas indígenas narram suas relações com a natureza e ancestralidade em pinturas exibidas na fachada da instituição;
Abertura da exposição acontece durante o IX Encontro Paulista Questões Indígenas e Museus: Território em Foco
Tupã (SP), 23 de agosto de 2023 – A nova exposição do Museu Histórico e Pedagógico Índia Vanuíre coloca em evidência a arte dos povos indígenas do Oeste Paulista. A mostra Grafismos e Artes Indígenas do Oeste Paulista, inaugurada hoje (23) durante o IX Encontro Paulista Questões Indígenas e Museus: Território em Foco (EPQIM), em Tupã (SP), reúne pinturas de 11 artistas indígenas que representam suas relações com os territórios, a identidade e a preservação cultural das etnias. O Museu Histórico e Pedagógico Índia Vanuíre é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo
A partir de frutos com cores fortes, como urucum e jenipapo, os povos originários produzem suas tintas. É por meio de traços que as comunidades indígenas contam histórias das etnias e reproduzem as relações com a natureza a partir de figuras de animais sagrados, plantas e utensílios do cotidiano. Os grafismos e artes apresentados na exposição carregam simbologias e marcam a identidade dos povos do Oeste Paulista.
Confira abaixo os grafismos exibidos na fachada do Museu H. P. Índia Vanuíre:
Terra Indígena Araribá
Os artistas Richard Caetano, Renan Caetano e Jhonatas Marcolino mostram a união das culturas Terena e Guarani, que originou o termo “Tereguá”. Os grafismos homenageiam as mulheres das etnias; a ema, um animal sagrado para os Terenas; e o baraka, um instrumento santo para os Guaranis. Outra pintura dos artistas é a bandeira da Aldeia Tereguá, simbolizando a união dos povos e suas histórias.
Elementos das culturas Kaingang e Terena são apresentados na pintura de Everton Tety Kaingang. Sua participação na exposição é uma homenagem ao grupo IAN KOFÁ, fundado por Dona Ilda, considerado um importante elo que conecta as duas culturas e a união dos povos.
Conhecimentos tradicionais Guarani Nhandewa foram as inspirações para as pinturas de Kethilin Cristina Marcolino, Kaliny Akiane Marcolino da Silva Nunes, Creiles Marcolino da Silva Nunes. Os artistas trazem elementos que representam construções típicas, a sabedoria milenar, os trabalhos artísticos e os rituais sagrados. Já Natália Lipu Terena, a partir de entrevistas com anciões, caciques e lideranças, apresenta uma pintura repleta de significados para o povo Terena: as cores transmitem o luto, a paz e o sangue derramado pelos indígenas que foram assassinados.
A representação dos alimentos na vida cotidiana e o papel das mulheres indígenas na preservação da cultura e sustento da comunidade são representadas na pintura de Kleber Arttes. O grafismo mostra a ligação do povo Terena com a terra e os recursos naturais.
Terra Indígena Araribá, no município Avaí (SP), possui quatro aldeias (Ekeruá, Kopenoti, Nimuendajú e Tereguá) e em seu território vivem Guaranis Nhandewa, Terenas e Kaingangs, com a presença de 641 indígenas, segundo o IBGE (2022).
Terra Indígena Vanuíre
Os grafismos do povo Kaingang são carregados de simbologias e elementos de identificação e expressão cultural. Cada traço apresenta uma história, um sentido de pertencimento e conexão com as raízes ancestrais. Na pintura de Susilene Elias de Melo, a fogueira simboliza a cultura herdada pelos antepassados e a responsabilidade de mantê-la sempre acesa. A fogueira aquece e ilumina o sagrado caminho dos povos e o vínculo com as histórias, saberes e valores que representam a identidade dos Kaingangs.
As listras vermelhas na pintura de Rodrigo Cecílio Damaceno Krenak representam as montanhas intrinsecamente ligadas à ancestralidade Krenak e a cor simboliza, ainda, as lutas travadas pelos povos. A união entre Krenaks e Kaingangs são representadas na combinação dos grafismos, simbolizando a união e resistência das comunidades.
Os traços sem abertura na pintura de Elizeu Caetano mostram o luto dos guerreiros e o sangue derramado em suas lutas, representados também pelas cores preta e vermelha. O beija-flor representa o ritual do ninho queimado realizado no nascimento de uma criança. A queima é feita com um incenso, a fim de afastar mau-olhado e espíritos malignos.
A Terra Indígena Vanuíre é pluriétnica, com a presença de sete povos: Kaingang, Krenak, Terena, Guarani Nhandewa, Atikum, Fulni-ô e Pankararu. O Censo de 2022, realizado pelo IBGE, mostrou que o território conta com a presença de 239 indígenas.
Terra Indígena Icatu
A pintura de Ivonilson Pocó Terena traz elementos especiais da cultura Terena: a ema, símbolo da etnia; as flechas, ferramenta para caça; a cerâmica, prática cultural milenar; o jabuti e o veado, representam as constelações no céu. O artista Carlos Indubrasil Kaingang mostra em seus grafismos o elo entre passado, presente e futuro, com a conexão do povo Kaingang, sua terra e suas tradições.
A figura marcante da mulher indígena também é representada na pintura de Samuel Nhandewa Guarani Nhandewa, realizada em parceria da produção artística de Kaliny Akiane Marcolino da Silva Nunes e Kethilin Cristina Marcolino Guarani Nhandewa. As mulheres são retratadas como protagonistas na busca por reconhecimento e justiça e os grafismos a transmissão de valores espirituais, sociais e políticos.
Presente em Braúna (SP), a Terra Indígena Icatu é habitada pelos povos Kaingang, Terena e Guarani Nhandewa. Segundo o IBGE (Censo 2022), vivem no território 142 indígenas.
SERVIÇO
Grafismos e Artes Indígenas do Oeste Paulista
Local: Museu H. P. Índia Vanuíre
Funcionamento: terças, quartas, sextas, sábados e domingos, das 09h às 18h; quintas, das 9h às 20h
Endereço: Rua Coroados, 521, Centro, Tupã – SP
Instagram: @museuindiavanuire
Facebook: /museuindiavanuire/
ASSESSORIA DE IMPRENSA
Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo
Assessoria de Imprensa
(11) 3339-8116 / (11) 3339-8162
(11) 98849-5303 (plantão)
imprensaculturasp@sp.gov.br
AGÊNCIA GALO
Laiz Sousa
(11) 98184-4575
laiz.sousa@agenciagalo.com