O Encontro Paulista Questões Indígenas e Museus (EPQIM) é realizado pelo Museu Índia Vanuíre, em Tupã, por meio da parceria entre a Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, a ACAM Portinari – Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari e o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo. Tem como objetivo promover debates sobre a preservação e difusão de patrimônio cultural indígena com a participação de profissionais de arqueologia, etnologia, antropologia, museologia e demais interessados.
Os museus etnográficos desempenham papel primordial nessa discussão, mas deve ser evidenciado que eles passam por transformações estruturais visando aos processos de democratização, dos quais o patrimônio é parte integrante. Além disso, é preciso destacar a importância dessas instituições como agências de preservação e educação, lugares de memórias e de construções de identidades. Por mais de um século, os museus foram autorizados a exercer um discurso acerca do outro cultural, sob as óticas colonialistas e/ou classificatórias. Dessa forma, participaram da construção de um imaginário sobre o indígena que deve ser evidenciado a partir de novos debates.
Contemporaneamente, os museus etnográficos estão se requalificando, ou seja, buscam uma renovada função social, o que equivale a dizer que passam por uma remodelação curatorial, compreendida como reformulação de discursos, ampliação de olhares e narrativas, readequação metodológica e técnica e reenquadramento em face dos avanços das ciências sociais e humanas, dentre outras questões primordiais inerentes ao processo museológico. Outro movimento que deve ser destacado é a crescente participação indígena em processos de musealização.
Cada vez mais povos indígenas atuam como sujeitos da preservação dos seus patrimônios, o que consiste em tomada de poder sobre processos patrimoniais e museais. São vários os museus indígenas no Brasil e inúmeros os exemplos de ações em torno deles, experiências únicas engendradas por sujeitos comprometidos com suas próprias trajetórias e sujeitos reguladores de seus processos culturais.
A partir dos debates promovidos pelo EPQIM surgiu um movimento de criação de museus indígenas no oeste paulista, sendo eles: Museu Worikg (Kaingang – T.I. Vanuíre), Museu Akãm Orãm Krenak (Krenak – T.I. Vanuíre), Museu Nhandé Manduá-Rupá (Guarani Nhandewa – Aldeia Nimuendajú, T.I. Araribá), Museu T.I. Icatu – em formação (Kaingang e Terena – T.I. Icatu) e Museu Terena – em formação (Terena – Aldeia Ekerua, T.I. Araribá). Esses museus são lugares de discursos, narrativas, memórias, identidades, legitimação e, por tudo isso, empoderamento.