O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Museu India Vanuíre e ACAM Portinari, informam:
MUSEU INDÍA VANUÍRE: EDUCAÇÃO, CULTURA E RESPEITO À DIVERSIDADE

“Índio é uma palavra vazia de significado, indígena é uma palavra cheia de significado. Índio não significa nada, indígena significa originário”.
(Daniel Munduruku, in: UOL, 2023)
Os museus são mais do que um espaço de preservação da memória, são espaços vivos de aprendizagem e transformação na medida que também atuam na promoção da cultura, história e cidadania. Assim, os museus estão inseridos numa educação não formal, e de forma crítica, contribuem para a formação de sujeitos conscientes, participativos e capazes de refletir sobre a sociedade em que vivem.
Portanto entende-se que os museus são centros de discussões e reflexões sobre como nos conectamos com o que já foi e o que é agora, esquecendo aquela ideia de que as histórias contadas pelos objetos em exposição são apenas um reflexo “natural” de um passado único e imutável de uma nação (Pio, 2006).
A missão do Museu Histórico e Pedagógico Índia Vanuíre é “preservar, valorizar e difundir patrimônio histórico etnográfico indígena, em especial o legado das culturas que ocupam o oeste paulista, e promover a reflexão crítica sobre os valores humanos e cidadania levando em conta diferentes culturas e interações entre diversos grupos da sociedade”. Desta forma, o museu pretende contribuir para a formação crítica e inclusiva de professores e estudantes, em especial quando se trata de conhecer e valorizar a diversidade dos povos indígenas no Brasil.
Por meio de projetos como o Curso para Formação de Professores, que neste ano, ampliou sua parceria para as EMEIEF do município de Tupã, o Núcleo Educativo procura romper com estereótipos que ainda persistem na sociedade. Nesse curso o museu trabalha em parceria com escolas para aproximar o universo indígena do cotidiano escolar, combatendo estereótipos e reconstruindo saberes.
Parte importante dessa ação está na desconstrução de paradigmas linguísticos e culturais. Termos como “índio” e “tribo”, ainda amplamente utilizados, não representam a riqueza e pluralidade dos mais de 300 povos indígenas e suas 270 línguas faladas no país. Em suas atividades educativas, o museu orienta o uso adequado das expressões “povos indígenas” ou os nomes específicos dos povos, como Kaingang, Krenak, Guarani, entre outros. A palavra “tribo”, por sua vez, é substituída por “povo”, “etnia” ou “nação”, termos que respeitam e refletem com mais precisão a complexidade das culturas indígenas (Munduruku, 2019).
Essa abordagem é reforçada pelo diálogo constante com educadores indígenas, pesquisadores e comunidades locais, construindo um processo educativo horizontal, participativo e intercultural. Na formação dos professores, realizada pelos educadores do Museu, há a presença da indígena
Krenak e cacica Lidiane Damaceno Cotuí, que aborda aspectos da cultura indígena e questões etnográficas. Assim, o museu não ensina de cima para baixo: ele aprende junto, escuta, compartilha e constrói pontes entre o saber tradicional e o saber escolar.
Além de exposições e ações culturais, o Museu Índia Vanuíre convida professores a participarem de cursos de formação continuada, refletindo sobre práticas pedagógicas inclusivas e o papel do museu na formação de sujeitos mais conscientes e críticos. O espaço do museu, portanto, torna-se um aliado da escola na promoção de uma educação que reconhece, respeita e valoriza a diversidade.
REFERÊNCIAS
FREIRE, José Ribamar Bessa. Cinco ideias equivocadas sobre os índios. Disponível em: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/cinco_ideias_equivocadas_jose_ribamar.pdf. Acesso em: 06 junho 2025.
FUNAI – Fundação Nacional do Índio. Por que dia 19 é dia do índio? 2014. Disponível em: https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2011/por-que-dia-19-e-dia-do-indio. Acesso em: 18 maio 2022.
IBGE. Os indígenas no censo 2022. https://educa.ibge.gov.br/criancas/brasil/nosso-povo/22324-os-indigenas-no-censo-2022.html. Acesso em: 31 maio 2025.
MUNDURUKU, Daniel. Coisas de índio: versão infantil. 3. ed. rev. atual. São Paulo: Callis, 2019.
MUSEU HISTÓRICO E PEDAGÓGICO ÍNDIA VANUÍRE. Plano Educativo. Brodowski. ACAM Portinari. SEC. 2025.
MUSEU HISTÓRICO E PEDAGÓGICO ÍNDIA VANUÍRE. Plano Museológico. Brodowski. ACAM Portinari. SEC. 2021. Disponível em: https://museuindiavanuire.org.br/. Acesso em: 07 jun. 2025.
PIO, Leopoldo Guilherme. Musealização e cultura contemporânea. Musas: Revista Brasileira de Museus e Museologia, Rio de Janeiro, n. 2, p. 48-57, IPHAN, 2006.
UOL. Indígena ou índio? Por que você não deve usar o segundo termo. 19/04/2023. Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/deutsche-welle/2023/04/19/indigena-ou-indio-por-que-voce-nao-deve-usar-o-segundo-termo.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em: 06 julho 2025.


