O Museu Índia Vanuíre tem em seu acervo a coleção de ilustrações de José Lanzellotti, adquiridas pelo Conselho Estadual de Cultura em 1972. Os volumes “Brasil, Histórias, Costumes e Lendas”, reorganizados pela Editora Três, a partir da década de 1970, é uma das obras mais conhecidas das quais o artista participou.

Na instituição, o público poderá conhecer as pinturas por meio do módulo “Índios do Brasil” (exposição de longa duração: Tupã Plural), além da mostra virtual “José Lanzellotti – O Debret do século XX” e da exposição temporária “José Lanzellotti, Olhar de um Artista”.

No módulo “Índios do Brasil”, há um breve texto de apresentação sobre o artista e um painel contendo algumas ilustrações que destacam as pinturas corporais, adornos, técnicas artesanais, instrumentos de caça e de tecelagem, além de um mapa com a localização de alguns povos indígenas, como os Bororo, Karajá, Kamayurá, Kayapó, Kaxinawá, Moré e Witoto, entre outros.

A exposição virtual “José Lanzellotti – O Debret do século XX” exibe um recorte com 85 obras da coleção produzida por ele. Cabe ressaltar que pelo seu estilo documental, Lanzellotti foi chamado por Afonso Schmidt de “Debret do século XX”.

Já a exposição temporária “José Lanzellotti, Olhar de um Artista” apresenta 28 telas, além dos depoimentos de indígenas que abordam o trabalho do narrador visual.

A partir da relação que o Museu tem com os indígenas, em que são constantemente desenvolvidas ações dialógicas e participativas, a instituição traz o olhar deles para a exposição em questão.

Por considerar que as culturas indígenas foram fundamentais para a construção identitária do país, o Museu visa comunicar e valorizar a importância histórica e cultural desses povos, em que os mesmos protagonizam suas vozes e olhares. Portanto, neste boletim, apresentam-se alguns trechos de depoimentos dos indígenas do oeste paulista, os quais podem ser encontrados na íntegra na exposição temporária.

Tiago Oliveira, Guarani Nhandewa, da Terra Indígena Araribá, Avaí/SP, mostra seu olhar sobre o papel do artista José Lanzellotti.

Eu venho falar de um importante artista que foi José Lanzellotti. Um artista plástico que fez um registro muito importante dos povos indígenas em diferentes momentos do cotidiano, registrando pinturas corporais, adornos, técnicas artesanais e também destacando um importante mapa etnográfico com algumas etnias do Brasil (OLIVEIRA, 2021).

Rayane Barbosa, Kaingang e Terena, da Terra Indígena Vanuíre, Arco-Íris/SP, fala da importância do trabalho de José Lanzellotti na desconstrução da generalização dos povos indígenas.

[…] Eu estudei as suas obras, né? Suas artes em 2019, no 1º semestre da minha faculdade. Ele é um dos artistas que eu gosto muito, porque ele vem trazendo a realidade dentro das culturas indígenas, nos ajudando a fortalecer e a mostrar pra essa sociedade que ainda tem o olhar genérico perante os povos indígenas. Pra mim, é muito

importante tá tendo essa visibilidade, né? Entre os artistas não indígenas que é uma ajuda, um fortalecimento da nossa luta (BARBOSA, 2021).

A Terena, Edilene Pedro, da Terra Indígena Icatu, Braúna/SP, relata sobre as obras do artista José Lanzellotti e a importância de ter registros das culturas indígenas por meio da pintura.

Eu achei que ficou muito legal o registro dele, né? Ele retratou cada etnia, a sua cultura, a sua vestimenta. Ele falou muito bem sobre a vestimenta […] e o registro dele foi muito bom […] Ele veio da região Norte até o Sul registrando cada cultura, as diversas culturas que tínhamos naquele tempo, porque muitas dessas culturas, algumas já se perderam. […] O olhar dele foi muito bom, a gente aproveita também o olhar dele pra gente passar pros nossos alunos sobre as diversas culturas que temos no Brasil (PEDRO, 2021).

Lidiane Damaceno Cotui, Krenak da Terra Indígena Vanuíre, Arco-Íris/SP, nos traz um depoimento sobre a importância dos registros para os povos indígenas na atualidade, possibilitando a revitalização das culturas por meio de documentos e obras deixadas por artistas, linguistas, antropólogos e etnólogos que retratam esses povos.

Falando um pouco sobre toda essa questão desse pessoal vir: antropólogos, linguistas e padres passaram pelas aldeias e fizeram o registro de tais situações e coisas, como a língua, principalmente o artesanato ou a pintura, né? Os adornos corporais, dentre outras situações, hoje têm nos ajudado muito na questão da revitalização da nossa cultura, dos nossos saberes e também da nossa afirmação da identidade de cada povo. […] Então hoje a gente pode buscar nesses materiais pesquisas para estar fortalecendo assim a nossa luta, nossa revitalização e ajudando também na memória dos mais velhos […] É de uma grande valia para nós, hoje professores, pesquisadores e alunos (COTUI, 2021).

Com o intuito de comunicar as exposições apresentadas, o Núcleo de Educação desenvolveu alguns jogos para que o público visitante possa interagir com os conteúdos referentes ao artista, como o Jogo da Memória, Caça-Imagens e Quebra-cabeça.

Para saber mais sobre as obras desse importante artista, acesse a exposição virtual: “José Lanzellotti – O Debret do século XX” e faça-nos uma visita virtual à exposição de longa duração: Tupã Plural: https://museuindiavanuire.org.br/visite-o-museu/visita-virtual/

REFERÊNCIAS

MUSEU HISTÓRICO E PEDAGÓGICO ÍNDIA VANUÍRE. Exposição Tupã Plural: Índios do Brasil. Tupã, SP. ACAM PORTINARI, SEC, 2010.

MUSEU HISTÓRICO E PEDAGÓGICO ÍNDIA VANUÍRE. Exposição Virtual: José Lanzellotti – O Debret do século XX. Tupã, SP. ACAM PORTINARI, SEC, 2021. Disponível em: https://museuindiavanuire.org.br/exposicao-virtual/. Acesso em: 03/02/2022.

MUSEU HISTÓRICO E PEDAGÓGICO ÍNDIA VANUÍRE. Exposição temporária: José Lanzellotti, Olhar de um Artista”. Tupã, SP. ACAM PORTINARI, SEC, 2021.